Porque pintar unha apenas de vermelho quando há tanto por onde escolher?

domingo, 4 de maio de 2014

Dia da Mãe em Portugal

Dia difícil para quem não tem mãe, não tem avó e todas as minhas referências maternais se diluíram no tempo e no espaço que a desabrida saudade alberga. 
Mas a vida, a dor, ensinaram-me, devagarinho que se consegue manter a cabeça à tona, reinventando a família perdida em outros novos relacionamentos que se investe e dá seus frutos. Diz o povo que os Amigos são a família que escolhemos, e tenho muito presente cada pessoa que tem passado pela minha vida e o papel que desempenha ou desempenhou. Quem como eu vive com o autismo tão presente, sabe como sua permanência - que deveria ser perene - é terrivelmente perecível, e eu, aprendi simplesmente a usufruir do momento que uno é capaz de se dar. 
O Dia da Mãe, tal como seria suposto ser celebrado, não existe na minha vida. E se durante anos lutei contra a falta da minha, chegou um dia a altura na vida de ser Mãe, mas ainda assim, como sabemos, foi tudo ao lado.

Uma vez só na vida, uma amiga grávida ao invés de se distanciar, desejou ter um filho como o meu Pedro. Foi um momento abençoado que a doce Mel Sanroman me deu, sem saber o imenso valor que teria para mim, jamais vou esquecer... escrevi essa história num post quasi-intimista, e podem ler aqui

Um ano só na vida, tive um dominical dia da Mãe "como seria suposto" ser celebrado: o meu querido amigo Henrique, num rapto consentido, proporcionou-nos esse dia especial. Recordo que refilei o tempo todo, seria algo postiço e sem valor, mas fez-me ver o contrário: ainda hoje guardo os presentes que deu ao Pedro para me oferecer nesse dia, com maior carinho que os de outros anos, guardo a memória do passeio, da conversa, do que me disse - e sim, foi definitivamente especial, único. 
Então este ano quero dedicar este dia a uma mãe e uma filha, como poderia ser eu e minha mãe. A amizade que tenho com a Lelê Guedes é igualmente única, sem explicação, somos ambas pessoas muito intensas na forma de sentir o sentido da vida, seremos irmãs ou mãe uma da outra, o que lhe quiserem chamar. Hoje, dar-lhe nome, não tem qualquer importância. Mas a razão de hoje, a minha comemoração com o meu doce Pedro ser partilhada com as duas, é apenas por a relação que ambas têm, poder ter sido a minha e de minha Mãe. 
Exactamente por não ser comemorado no mesmo domingo, a Bia e a Lelê vão assim ganhar um dia extra nas suas vidas de Mãe e Filha, dos muitos Dias da Mãe, que ainda vão viver e comemorar nas suas doces vidas.



Feliz Dia da Mãe,



desta feita oferecido de coração, 
minhas queridas Bia e Lelê Guedes! 

domingo, 10 de março de 2013

Um namoro simples






Para o micro-conto deste mês venho falar de como estou encantada pela cor que sempre evitei... o vermelhinho, é verdade, as meninas até brincam que estou doente, mas gente!!, eu estou é apaixonada!!! 

por Ana Martins © 

Ele viu-a primeiro, reconheceu-a pela cor, adivinhou-lhe a essência e atrevido avançou. Ela, papoila distraída na cor inusitada, nem se deu conta de como a rodeou, mas quando reparou, gostou. Ensaiaram uma dança silenciosa sem fim à vista, volteando enroscados numa harmoniosa clave de sol. Ela nunca havia experimentado conjugar a sua luxuriante esmaltação com o tom de um baton vibrante. Ele era ela e ela igual a ele, unidos na tonalidade sensual de um vermelho vivo com sabor doce na vontade de simplesmente continuar.



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Chá das cinco

Para o micro-conto deste mês, proponho-me brincar com o som das palavras quase-poema, quase-história infantil: e se os nossos dedos tivessem vida própria? funcionassem por cores? como seriam os seus? achei este um bom tom para inventaricar um micro-conto esmaltístico!! Espero que gostem desta aventura meio-doida com um irreverente toque de criatividade na ponta dos dedos :-)
por Ana Martins ©

Não pareciam filhas da mesma mão, cada uma com sua personalidade, com sua atitude, com sua cor. A caguenta média-altaneira, sempre de nariz no ar, era snob, era arrogante, a mais velha, irritante de petulante. Contrastava com a sua doce irmã aneleira-casamenteira, a que ruborizaricava romanticamente a cada desafecto caguilento da média-altaneira.
Sem brincadeira, mas sempre salva pela pispineta e pigmentada indicadoreira, bafejando na linda corneta azulejadada de brilhante defendedeira. Ousava gritar sem levantar o tom de sua razão.
Tinha em contraposição o nu azedume da polegarezeta, desvalida em cor e presença, sombra rastejante oponível à sincera frontalidade da indicadoreira, era incessantemente avinagrada, na opinião e no trato. Já a gótica caçula mindindinhozinha rejubilava em plena alegria enquanto aplainava as constantes guerrilhas das irmãs. Saltitava harmoniosamente entre as discrepantes pessoalidades, dos atinos aos fornicoques ousados, e bastava a todas uma pequena passagem de poção mágica da maninha gótica com alma de grilo-falante para logo reaverem a cadência ritmada da estabilidade manuseável a cada novo chá das cinco.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um micro-conto por mês

Meninas,
estou participando de (mais) um blog, o que nem sempre me deixa tempo para escrever nos meus... um erro clássico!
Para fazer parte deste blog Oficina das Mãos pensei num formato engraçado e que constitui um desafio de escrita criativa para mim e um tanto diferente, original, para quem lê: A cada mês publicarei um pequeno micro-conto inédito e uma mani alusiva à narrativa. Na minha primeira participação, as cores não poderiam ser outras que as do blog e minhas favoritinhas verde e azul, e apesar de não serem as tonalidades exactas do layout do Oficina, eram os novos na fila com vontade de saltarem para serem experimentados - Quadrado e Rectângulo da nova colecção Forma em Cor da Colorama. Brincando com as formas nada geométricas do voo alado da borboleta azul desse blog lindo, escolhi este tema para inventaricar o micro-conto que hoje aqui reproduzo.
por Ana Martins © 

Allie, a borboleta irreverente, queria ter brilhantes pintinhas em azul e verde, queria crescer com brilho holográfico quando adejasse sob o sol – já na sua crisálida materna era o seu desejo. Mas quis a mãe natureza e seus genes que fosse apenas azul. Allie mirava sua irmã Zoe, a borboleta acomodada, esvoaçando fosca, trajada de verde lima sobre o rectângulo verde intenso do relvado. Sabia-se mais vistosa, mas nada era suficiente no reino vegetativo do campo a que não dava a menor bola, queria porque queria um manto holográfico que a cobrisse de brilho e a cada movimento captasse todo o espectro resplandecente do arco-íris. Almejava que o clamor do aplauso fosse para si, não para um qualquer time que se apresentasse no relvado. Não compreendia como Zoe se sentia feliz adejando sem parar quase desaparecendo sobre a vegetação, sem destaque, colorido ou luminosidade. Contudo, amava-a.
Um dia aventurou-se e voou para fora do limite quadrado que sua pequena vida tinha, e entrou no portal de uma tribo discobóllica.
Depois de esvoaçaricar dia e noite embriagada sob tanta holografaricagem, uma noite mais taciturna voltou no rectângulo verde e procurou sua irmã. Incitou Zoe para a acompanhar, contando-lhe de suas aventuras, sensações e emoções. E sim, confessando-lhe por fim que tanto brilho sem a doce companhia de sua amada Zoe, jamais seria uma comoção plena, que desejara muito que o mesmo véu de felicidade holográfica as abraçasse, mas que principalmente voassem juntas para a eternidade. Zoe sorriu e revelou não sentir o anelo de exposição vital como sua irmã, mas como toda a saudade que sentira de Allie, isso sim, a corroía. Abraçaram-se enternecidas e juntas partiram adejaricando rumo a um novo portal.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

AS do Natal

Querendo ou não a época natalícia está aí, e de caminho trouxe o frio, a chuva para nós em Portugal e o calor abrasador para as meninas no Brasil :) Nós aqui temos flocos de neve, no Brasil têm bolhinhas na zunhaaaa!! Fala sério, palhaça!! Não poderia deixar de me inscrever nessa troca de Amigo Secreto (AS) do Natal organizado pelo nosso grupo de FB, o maravilhoso E o esmalte da semana é...  








Ainda não vou revelar o nome da menina que eu tirei, uma vez que ainda não chegou lá, estará nesse mesmo momento a atravessar o Atlântico. Já a menina que me tirou, a caixa chegou hoje, e deixou-me tão comovida que não sei se encontro as palavras certas para o definir. Quando cheguei a casa escrevi directo no mural do nosso grupo esta mensagem:

«minha doce AS, 
madruguei na porta dos correios, fui buscar minha caixa maravilhosa na minha caixa postal (apartado) e me dei a manhã... não fiz nada do que deveria fazer e me permiti, hoje ir sentar numa esplanada que eu amoooo, tomar um café e comer uma fatia dourada (ou rabanada) absolutamente deliciosa, e me permitir uma manhã só minha e sua... e deixei o Natal chegar até mim. 
Abri minha caixinha na companhia de um querido amigo que veio tomar café e deixei que ele partilhasse de meu/nosso momento. Ele, de nome Baltasar que nem o rei Mago, chegou na hora certa e chorou comigo de comovido de tanto, mas tanto carinho, em todos os presentinhos embalados e cosidos (sim cosidos) por ordem que fui respeitando... 
(desfocada para verem, mas não lerem)
fui apreciando tudo sem voracidade, mas com muita tranquilidade, ternura, absorvendo cada mensagem, cada trocinho de paz que vc, meu anjo lindo, me trouxe esta manhã. Não me peçam pra revelar quem é a minha doce AS, ainda quero guardar esta emoção toda só aqui dentro de meu e quero responder com palavras que não sei onde ir buscar para igualar o que vc me fez sentir... 
(fiz batota e fui ver a última, a 18)
farei um post com todas (muitas) fotos que fui tirando de cada momento, e com o filminho que o Baltasar fez de mim no 18 que me deixou para além das palavras possíveis de pronunciar... ~

Me enganou direitinho, porque achei ser uma das meninas de quem eu já sou amiga de tão próxima a senti nas mensagens anónimas, foi uma das minhas suspeitas em algo que disse aqui no grupo e eu fiz um.... "hummmmmm!?? será?" mas afastei da mente por não haver essa amizade entre nós, mas já havia sim, porque na busca de me encontrar e de conhecer quem seria sua AS do além-mar, a minha doce AS me encontrou, me mimou a cada comprinha que fez, a cada depositado aqui e ali e já era minha amiga para sempre ao completar todo o amor cosido a lume brando... ou a fita meiga se quisermos... então eu agora entendo uma porção de coisas que me foi dizendo e porque eu estava firmemente convencida que SÓ PODERIA ser uma pessoa que já era minha amiga: porque vc já o era sim Obrigada por me trazer um pedacinho de céu azul à minha vida, ao meu Natal meu amor »



 Ainda não vou revelar, antes quero mostrar todo o amor que me enviou, pode?
Todos os presentes estavam embalados individualmente, e cada saquinho tinha um bilhete, ainda o detalhe de todos eles estarem cosidos com uma fita que começava num coração e terminava noutro, que nem permitiam abrir os pacotinhos fora de ordem.


 A mesa da esplanada que eu estava é prateada, o dia bem cinzentão, então o reflexo alterou algumas das cores dos esmaltes, mas não tem como errar, olho turco é azulão mesmo, não essa cor matizada que aparece aqui...






 Estava gostoso sim, mas poderia ter guardado para agora que escrevo este post, pois tinha na boca o gostinho boooom da fatia dourada, sabem? É sabor a Natal!!! 
Fui abrindo tudo com muita calma, com um sorriso impossível de sair do meu rosto!


 Não podia acreditar ao ler... ontem mesmo eu disse isso pras meninas: apetece-me vermelho na zunhaaaas!! É Natal, gente!!! Quem poderia supor?, imagino a minha doce AS lendo ontem que me apetecia esmaltar de vermelho, pois é o primeiro que vou estrear, viu? Cor alterada, esse é bem malagueta!!!



 Essa foi outra das cores que ficaram erradas na foto, é bem verde esperança perolado (e não esse azul turquesa meio lago que aparece). Minha AS fico tão grata por tudo quanto esse verde esperança EVOlution me trás...  sabe, AS? Aqui se diz que a ESPERANÇA é a última a morrer!!!
 PÁRA TUDO!! ♥ porque aqui eu fiz uma batotinhaaaaa... não aguentei e fui directo na última embalagem, uma caixinha linda e bem fechadinha... Meninas, é a coisa mais fofa do mundo!!! É o meu vidrinho maravilha dos desejos de Natal... tudo quanto eu possa querer pensar em desejar, a minha doce AS botou dentro e ainda juntou uma pitada de estrelas!!!

(ai a qualidade da gravação é péssima!!!)



 Aqui se deu um pequeno milagre: o cúmplice da minha AS sabem quem foi? O próprio S. Pedro... acreditam que o dia estava fechado, as cores dos esmaltes não saiam correctas, lembram? Pois o SOL abriu, lindo maravilhoso, quente!!! Isso só pode ser devido ao brilho que a minha doce AS tem!!!


 Visão de infância?? Nossa!!, como minha AS poderia saber que esta é a minha cor favorita de menina? Ainda me lembro, eu bem chavalinha de ter uma camisola de crochet feita pela minha avó nesse exacto tom de infância!! Era a minha favoritinha!


 Só anos mais tarde me "passei" para a cor azul, a minha favorita, e esse é o meu primeiro esmalte repetido da vida!!! Logo o meu tom de azul preferido, índigo ou o dos jeans!! ehehe Mas essa menina fez magia na minha caixinha inteira??


 A certa altura eu dizia para o meu amigo: "tens noção que cada vez que passar por um vidrinho com um coração na minha colecção, vou estar a lembrar-me deste momento, vou estar a lembrar-me da minha doce AS??? Porque ela estava connosco naquele momento,




 não havia distância absolutamente nenhuma entre nós, a minha doce AS conseguiu a proeza de se enfiar dentro da caixinha e coser-se entra cada alinhavo de ideia fofa que teve para me mimar. Senti o calor do seu abraço, o brilho dos seus olhos grandes,


 e num mesmo momento, mágico e irrepetível estávamos juntas, unidas, numa felicidade de sabermos que nasceu uma amizade pura, verdadeira e linda. Fala sério... passamos o momento do 12 do 12 de 12 às 12 e 12 juntas, 


 e, mesmo de longe, se isto não é o verdadeiro show da vida, será o quê então...?


 E se eu pintasse a vida de uma só cor, eu escolheria esse exacto tom de azul!! E olhem só quem chegou de mansinho nesse preciso momento... conseguem perceber pelo seu brilho pelas fotos seguintes,



 o cúmplice secreto da minha doce AS, o malandro do S. Pedro aqueceu ainda mais meu coração abrindo caminho por entra as nuvens para deixar que o SOL quente me iluminasse, realizando o desejo da minha AS.


 e sim, fiquei com vontade de pular, de dançar e de ir cantarolando a música que passava na estação de rádio que estávamos escutando na esplanada!!


 O SOL cuidou de deixar estas últimas fotos maravilhosas!!! Olhem só a beleza!! Ficou ainda mais mágico este momento perfeito!








 Bem sei que essa é a essência da intenção de fazermos o Amigo Secreto no nosso grupo, e como todas as meninas, ou a grande maioria das meninas que já receberam o seu presente, acham o seu o mais extraordinário de todos!!! Me perdoem as outras por eu achar que a minha AS superou todas as caixinhas... estou que nem filho que acha a sua Mãe a melhor do mundo, quando na verdade é apenas a melhor mãe do mundo para o seu filho... e esse genuíno amor que grassa no nosso grupo, que floresce a cada desafio doidinho ou não que vos propomos... nossa!!!, é tão importante!!!

 Dentro deste vidrinho de esmalte está muito mais do que a minha querida AS colocou e desejou para mim... tenho sérias dúvidas que alguém consiga olhar nesse vidrinho mágico e ter a pequenez de ver que está vazio, com uma meia dúzia de papelinhos e uma mão-cheia de estrelas coloridas... porque o seu conteúdo é uma explosão de felicidade momentânea!!! Cada pedacinho de vida ao se agitar por entre o brilho das estrelinhas coloridas, revela uma palavra que nos eleva - AMAR - PAIXÃO - VIDA - REALIZAR - DANÇAR - CARINHO - ABRAÇO - SORRISO - COLORIDO - GRITAR - SER - AMOR - VERDADE - ESMALTE - CORRER - PAZ - ver qual nos calha pelo caminho, alegra cada momento e o enche de amor, sentimos a emoção que cada palavra contém, sentimos o calor de cada sensação que nos transporta para um mundo que deveríamos estar vivendo. E gente, se isso não é sonhar acordado, então eu não sei o que é!! 



 Não é uma despedida, porque numa Amizade não há longe nem distância, apenas a promessa perene do próximo encontro,





 Se na primeira carta já desfoquei para que não lessem, porque acham que iria permitir que lessem a segunda que é - necessariamente - ainda mais intimista, depois de atravessarmos toda esta experiência única?
Mas vou apenas deixar que leiam uma única frase, e se recordem que eu disse atrás que de todos os detalhes, havia um comum:
 coração vermelho  que está presente em cada momento, em cada vidrinho, em cada bilhete e em cada ponta da fita que coseu todos os presentinhos.

«Cada ♥ que você viu nessa caixinha era um pedaço do meu»


 Testei todas as cores dos meus novos esmaltes e decidi que o terceiro será o primeiro de todos que vou usar. vêem agora como é bem vermelho cor de malagueta? Lindooooooooo!!
É Natal gente!!!


 Obrigada de coração, minha doce Marcela!!  
 Marcela Ciani  

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